Economista dá dicas de como renegociar dívidas

Se o cenário já está difícil para consumir, piora se não está com crédito na praça para parcelar. 34,8% da população santa-mariense está inadimplente, conforme o último levantamento do SCPC Boa Vista, referente ao mês de fevereiro de 2023. 

Destas 73 mil pessoas, a maioria está na faixa etária de 26 e 35 anos. Já o Estado encerrou 2022 com 2,65 milhões de pessoas com algum tipo de inadimplência. 

Na leitura do professor da Universidade Franscisca (UFN), o economista Mateus Frozza, as pessoas estão mais focadas nos itens essenciais, como no supermercado, em pagar as contas básicas (aluguel ou financiamento habitacional), além de água, luz, telefone, prestação do carro e o IPVA, por exemplo, o que torna mais restritiva as compras para o Dia das Mães, que será celebrado neste domingo.​

Compre, mas após pesquisar

Conforme o economista, há dois caminhos: um para quem está atrás do balcão, o comerciante e empresário, que precisam segmentar o público-alvo e melhorar o atendimento. 

Já do outro lado do balcão, o consumidor tem bastante opção e diversificação de produtos. Há como reformar uma roupa, por exemplo, ou comprar uma joia. Existem os dois extremos. O município é muito bem servido do comércio e de opções, então a recomendação é pesquisar bastante antes de comprar algo definitivamente.

Taxa Selic de 13,75%: como impacta no seu dia a dia 

Na primeira semana de maio, o Banco Central manteve por mais 45 dias a taxa Selic a 13,75% ao ano, impactando a renda fixa. ​A Selic é a taxa básica de juros da economia. Na descrição de Frozza é fácil de perceber como ela age sobre o nosso consumo:

– Na prática, aumenta a parcela do cartão de crédito o juros sobre atraso. Também, aumentam as compras parceladas, e o efeito mais imediato é uma restrição do consumo, que é o que tá acontecendo nesse momento.  

Como sair do negativado neste momento 

O momento de buscar uma negociação da dívida é crucial, uma barreira para quem não tem um letramento financeiro. O economista Mateus Frozza alerta que, antes de ir ao banco, é preciso estar preparado.

– O Serasa te oferece um valor de quitação e o banco te oferece o outro valor. O Serasa é muito mais vantajoso em termos de parcela e de  juros cobrados. É corriqueiro de acordar com eles e o crédito ser bloqueado pelo banco – explica o economista.   

Um bom caminho é procurar outros lugares antes de ir no banco. A pesquisa de preço nestes casos funciona da mesma maneira que no mercado: 

• Um exemplo é procurar outro banco para comprar esta dívida com um preço que se possa pagar 
• Outro, é propor abrir neste novo banco uma conta salário
• Os bancos também devem alterar as negociações para se adaptar ao cenário complexo, e possibilitar taxas e parcelas cabíveis no bolso do devedor

Futuro 

Para Frozza, se houver alguma mudança significativa na economia brasileira, isso deve começar a partir do segundo semestre, em agosto. Seria uma retomada, mas somente quando houver a queda na taxa de juros. 

– Deve estar vindo aí uma nova linha de crédito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e uma nova linha de financiamento. Precisam restabelecer as políticas de consumo, pois as que têm já se esgotaram e precisamos de créditos mais baixos para as pessoas consumirem, gerar emprego. 

Perfil dos negativados na cidade 

• 73 mil pessoas
• 52% são mulheres
• A maioria está na faixa dos 26 a 35 anos  – 23%
• 22% têm idade entre 36 e 45 anos 
• Pessoas acima dos 65 anos, correspondem a 15% dos negativados

O consumo é afetado por:

• Momento político
• Insegurança 
• Inflação corroendo o poder de compra
• Endividamento 
• Chuva constante em Santa Maria 
• Ajuste do salário base dos lojistas e outras categorias na cidade
• As obras do calçadão impactam na circulação de pessoas